quarta-feira, janeiro 04, 2006

Aqui vai um excerto de uma entrevista de António Lobo Antunes à revista Visão (de há umas semanas atrás) onde, às tantas, se evoca a Guerra do Ultramar,nomeadamente em Angola,em que o ilustre escritor tomou parte.Não é em vão que este senhor é justamente considerado um dos maiores autores portugueses vivos.

Visão: Ainda sonha com a guerra?

António Lobo Antunes: (...) Apesar de tudo,penso que guardávamos uma parte sã que nos permitia continuar a funcionar.Os que não conseguiam são aqueles que agora aparecem nas consultas.Ao mesmo tempo havia coisas extraordinárias.
Quando o Benfica jogava,punhamos os altifalantes virados para a mata e assim não havia ataques.

V: Parava a guerra?

ALA: Parava a guerra. Até o MPLA era do Benfica.Era uma sensação ainda mais estranha porque não faz sentido estarmos zangados com pessoas do mesmo clube que nós. O Benfica foi, de facto,o melhor protector da guerra. E nada disto acontecia com jogos do Porto e do Sporting, coisa que aborrecia o capitão alguns alferes mais bem nascidos. Eu até percebo que se dispare contra um sócio do Porto, mas agora contra um do Benfica?

V: Não vou pôr isso na entrevista...

ALA: Pode pôr. Pode pôr. Faz algum sentido dar um tiro num sócio do Benfica?

1 comentário:

Cyclone disse...

Oh meu amigo, não há muito a dizer... O Sr.António Lobo Antunes é um génio. Assim se vê o poder do Glorioso...