quinta-feira, setembro 07, 2006


Fui ao Avante!
Não fui sozinho nem pela política.
Que não haja equívocos;a política interessa.me mas não me revejo no comunismo.Contudo nos comunistas do nosso Portugal( e não só) encontro algo que vai escasseando nas nossas vidas e à nossa volta:solidariedade.
Creio que são solidários como poucos.Isso faz falta,faz muita falta.
Pude presenciar esse sentido solidário e fraterno sempre que após os concertos "A Carvalhesa" ecoava por todo o recinto da Festa.Todos dançavam com todos;com amigos,conhecidos e perfeitos desconhecidos.
Festa e não festival!
A razão de ser desta Festa é política e cultural e não mais um mero festival de verão.
Não haja ilusões;alguns dos que ali estiveram não foram para discursos ou para ver os quadros em madre-pérola do Partido dos Trabalhadores da República Popular da Coreia do Norte.
Quanto aos outros vi e senti que estavam orgulhosos dos seus ideais,dos seus valores e empenhados como sempre numa luta que se prolonga há muito tempo.
Claro está que não podia pensar nisto sem depois me vir a cabeça os rios de sangue que um pouco por todo o mundo correram na "perseguição" destes sonhos de igualdade e justiça..percorri as folhas maçilentas e gastas de Lenin que o acompanhavam ao falar aos Guardas Vermelhos,dirigindo a Revolução que mudou para sempre os destinos da Rússia e do mundo; as figuras de Estalin pintadas em milhões de folhas,quadros,murais,que presenciaram as deportações,as execuções...o "Gulag" onde tudo era racionado,organizado,categorizado...desde um grama de pão até à vida de cada um;vi Pol Pot e os Khmers Vermelhos no Cambodja que,à maneira estalinista,pretendiam reescrever a história de uma nação com muitos séculos e que para tal assassinaram um terço da população do seu país.
Dirão alguns,talvez muitos, que há figuras que ainda hoje inspiram milhões por todo o mundo, como Ernesto "Che" Guevara,Dolores Ibarrui "La Pasionária"...é verdade!Concordo!
Acho este "manto" vermelho demasiado encharcado com sangue...acho outros mantos demasiado pesados com mentiras.
Aprendi a retirar de uns e outros pequenas ilhas de verdades a que me agarro mas sem fanatismos.
Toda a história teria sido muito menos trágica se nunca tivessem existido.

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